Saturday, November 07, 2009

Fugiu quem nunca preso esteve...

De ironia e verdade,
ganha somente quem se dá,
pois quem não se deu que se desse,
quem se dá ganha a saudade e alento para o novo dia...

Mas sofre, em verdade... sofre...
em desalento, sofre, pois mais uma vez tentou ao se dar...

ganha-se em medo...
de se ganhar,
de se entregar...
às lágrimas tatuadas em seu ser profundo,
em adeus antes de partida...

Em testemunho,
a dor e o sofrimento...
nunca em vão, nunca em vão...
de menos aprender a palavra "não"...

Enfim, pode-se ler em legendas novamente,
pensamentos a um sem que a máxima seja
da esperança ser a última...
e na dança à Alma, em jeito de perdão,
conquistar o horizonte do qual se julga desviar
aquando o falso amor lhe acena com promessas vãs...

Sunday, October 18, 2009



É deste o meu sangue,
meu Mar, meu horizonte...

É desta minha paz,
É deste meu silêncio,
meu ser, paixão e amar...

É esta a Voz que brota em mim,
É este meu sal,
minha luz...

A ferida doce ao amanhecer de estar vivo,
à força que se faz da vida em minhas veias
e olho-te como se hoje tivesse intemporal em tempo,
renascido e rendido à tua beleza...

Pesa-me se tua partida for repentina...
É teu coração, está em teu coração,
a luz desse teu belo caminho...

As montanhas ficam, as montanhas...

Um vôo em silêncio...


Foram os teus olhos que me mostraram tamanha beleza, tamanha grandeza...

Passou-se algum tempo...

Verdade... passou-se algum tempo sem que muito se escrevesse aqui em silêncio, foi um período de reflexão para mim. Escrevi directamente em mim, em Alma, nas raízes de minhas páginas e agora, sim, posso reescrevê-las e partilhá-las convosco... O meu processo é assim mesmo, viver intensamente, sentir, partilhar, posteriormente, em papel escrito pelos meus olhos realinho em nudez a forma à letra, à palavra e ao sentido... E o seu belo paladar... Não penso no que escrevo, ou penso quando escrevo, não na forma poética, na forma poética fala-vos em Alma... Existem pessoas que encontramos ou reencontramos na e em Vida que trazem saber, fragrância em Alma e partilha, pessoas pelas quais nos apaixonámos e amámos, que nos relembram algo intemporal mas que por vezes nos esquecemos, ou omitimos a nós próprios, como se de um jogo se tratasse... Aprendizagem, experiência e lição... Aprendizagem... Sabe tão bem estar vivo e de vida para a Vida... aqui partilho... o pão e o vinho... Namasté Om Shanti :D

A ti que Amo...

Existe um sorriso, aquele sorriso que só tu tens para mim, aquele que só sentes quando estás perto de mim...

O sorriso que te faz mulher à grandeza da pessoa que és, ao amor que sentes e partilhas com e em Vida...

O sorriso que tens em meus lábios durante o suave beijo em amor que tatua em nossa Alma as mais belas cores, os mais belos aromas, as mais suaves palavras de amor...

Amar-te não é um segredo, é um novo mundo que se faz à luz de cada pétala quem em nós nasce, da semente em mão que semeamos e da água em que mergulhamos verdadeiros sonhos...

A ti e em ti, e de mim para ti, pois o caminho e a Vida É...

Monday, April 04, 2005

Coincidências?

Ainda recentemente tive a pensar o quão fácil é confundir um telemóvel com um comando da televisão... E não penses que foi por mera coincidência, apesar de serem ocasos que por vezes se parecem com coincidências que nos fazem pensar nestas coisas. As coincidências apenas existem porque o nosso estado de espírito assim o permite, porque senão não mais seriam do que uma pedra no calçado na qual tropeças.

Mas essa confusão entre esses dois objectos não é só física, porque senão o que é que nos impediria de andar na rua com o comando da televisão? Quanto mais não seja serviria para mudar o programa que aquele teu amigo insiste me ver. É essa capacidade de mudança o que mais aproxima esses dois objectos! Mas são sempre mudanças incontroláveis, desejos e ocorrências que não te pertencem, mas sim ao interlocutor do outro lado da linha ou ao director de programação.

Encontro-me agora a olhar para a televisão... Está apagada! Não encontro coragem para a ligar, não quero voltar a ser invadido, não quero voltar a ser sugerido a uma idéia, aum conceito que não me pertence, a um desejo que não é meu. Quero ser livre da opressão das intenções dos outros!

Mas se assim é, porque é que te telefono?

A televisão também já está ligada...

Friday, February 25, 2005

A incessante procura

Uns dias atrás percorria as ruas da baixa portuense sem rumo... Era já noite cerrada, não se via viv'alma nas ruas e procurava um barzito qualquer, algo que me acalmasse o espírito! Procurava um som, um gesto, uma idéia, um desejo, algo que diferenciasse aquela noite de todas as outras noites já passadas na cidade portuense... Sentia-me insatisfeito, esvaziado de objectivos, de definições, procurava a novidade, enfim o hedonismo das pequenas coisas e dos pequenos momentos.

Já esperando dar a noite por perdida dislumbrei um vulto entre o nevoeiro e a chuva miudinha que caracterizam o ambiente sombrio e gótico da noite portuense. Era uma senhora, de sua idade avançada, que parecia ela própria estar à procura de algo...

«Boa noite.», exclamei eu enquanto ajustava o meu chapéu em forma de cumprimento,

«Boa noite!», replicou ela com um tom de voz de completo desinteresse tanto pela minha presença como pela afirmação por mim proferida.

Ao presenciar tamanha desorientação por uma procura, fiz questão de perguntar o porquê de tamanha preocupação, ao que ela replica,

«Tou à procura do meu companheiro...»

Tuesday, February 22, 2005

Sabes, eu há dias morri...

Lembro-me perfeitamente do quão aterradora essa experiência me invadiu! Sim, porque à morte raras são as vezes em que vem a pedido, tem a péssima mania de entrar sem ser convidada, de se impor sobre os outros, e na maior parte das vezes nem sequer se apresenta, simplesmente chega. Essa é a real sensação que tive depois de morrer... é só isto? Mas morri mesmo? Apenas vejo à minha frente um homem de barbas longuíssimas, com um aspecto de quem ja não tem pachorra para aturar estas visitas inconvinientes.

Aí tenho de que explicar que não me fiz de convidado, alguém é que me obrigou a lá ir...

O velho homem nem se dignou a dizer uma única palavra, dava a sensação de já ter ouvido aquela desculpa esfarrapada vezes sem conta e de já não a suportar ouvir outra vez.

Mas quem era aquele homem? (tenho de confessar que era a imagem estereotipada que nós ocidentais temos de Deus, ou então era o Pai Natal disfarçado, mas sinceramente não o imagino tão sarcástico).

O que é que se passa?

De repente reparo que não estamos sozinhos... Reparo que Ele se encontra cercado por dois livros! Como ninguém falava comigo desde que lá tinha chegado, decidi abrir um desses livros (podia ser o livro de reclamações e já começava a ficar farto de estar morto - não é nada do que nos fazem crer enquanto vivemos -, além do mais têm um péssimo serviço).

Aquele que se encontrava à direita de Deus era o que se chama uma verdadeira enciclopédia, pelo menos era o que parecia pelo seu tamanho infindável, e poderíamos encontrar nesse livro todas as perguntas que o Homem alguma vez se questionou acerca de si próprio:

«Quem sou eu?»
«O que faço aqui?»
«O que é que comi ao almoço?», entre outras...

Todo esperançado corro para o livro que se dispunha do lado esquerdo de Deus. Estariam lá as respostas?, porque é que este livro é tão pequeno?, será que ainda consigo reservar uma mesa no Porcão? Mas esperem... ainda estou a fazer perguntas!

Com uma sofreguidão implacável e impossível de conter abro o livro e apenas leio em letras douradas:

«Depende dos dias...»

D' Vida...

D'Eus criou da terra e da água, sua mãe e seus filhos...
e de um soluço universal bocejou
aquando das maravilhas que sonhou, esculpindo olhares à sua eterna luz,
de movimentos ondulantes e errantes de paraísos incertos...

De sua graça em graça,
sem pestanejar de momentos oportunos,
retocou em suas imperfeições o deleite de sentimentos vorazes,
de (re) conhecer e (re) explorar o que outrora sonhara...

Em veracidade somos à sua imagem na redescoberta de sonhos perdidos ao tempo...
de sorrisos de novos descobrimentos,
de novos aprenderes e lembrares...

Somos a sua pégada que nunca se apagou em tempo...
Somos o Universo Falante, que mesmo envoltos no silêncio
estamos em braços e abraços em vida e d'vida...
Esta fé agarra-se nas entranhas do ser uma criança concebida
pelo desejo ardente e pelo amor à voracidade de conhecimento...

Eu...
D'eu...
D'eus...
Eis a maior criação do Homem...
esquecendo-se daquele cujo nome não sabe pronunciar...
Só a Alma o sabe cantar...

Sunday, January 30, 2005

Avivo Este Grito Mudo


Sem sentido, sempre neste rodopiar ondulante...
É este Mar, no rossar deste calhau que se evoca em memória de outrora numa vaga,
sempre em forma de suspiro...

É este rosto sem face, esta boca sem lábios que sinto beijar à brisa deste Sol...
são rastos de traços em céu, nesta dimensão da palavra em silêncio...

É este gesto em tua face que me faz sentar e pensar, sentindo que estou em casa...
em Alma, em Espírito...

... talvez um dia,
talvez por um dia deixe de sonhar e ame-te de todo no coração,
sem pressa ou demora,
num abraço ou em mão,
sem razão ou perdão...
te ame na excelência de tua essência como flor da vida
e semente em terra!!!

Tuesday, May 18, 2004

O Elogio do Silêncio

O Elogio do Silêncio. Vivemos num mundo que excluiu o silêncio. A nossa existência está mergulhada numa bolha de ruído permanente ao ponto de, por vezes, o silêncio se tornar incómodo ou mesmo insuportável, criando a necessidade de o preencher com barulho, sons, palavras. Na sociedade ocidental, o silêncio tornou-se sinónimo de solidão, e a solidão num dos maiores medos do homem moderno.

A solidão invoca abandono, tristeza, clausura, isto porque se perdeu o prazer de estar sozinhos connosco próprios, do confronto com o nosso eu mais profundo e íntimo, de nos abandonarmos a nós e ao mundo que nos rodeia. Desde muito cedo a educação faz-se no ruído e mesmo no útero o bebé está já mergulhado num universo sonoro, que tende a ser tanto mais intenso quanto mais ruidosa é a vida da mãe.

Curiosamente existe uma relação entre silêncio e equilíbrio, e essa relação estabelece-se logo a nível fisiológico, o órgão que capta o silêncio é também o centro do equilíbrio humano, o aparelho auditivo.