Ainda recentemente tive a pensar o quão fácil é confundir um telemóvel com um comando da televisão... E não penses que foi por mera coincidência, apesar de serem ocasos que por vezes se parecem com coincidências que nos fazem pensar nestas coisas. As coincidências apenas existem porque o nosso estado de espírito assim o permite, porque senão não mais seriam do que uma pedra no calçado na qual tropeças.
Mas essa confusão entre esses dois objectos não é só física, porque senão o que é que nos impediria de andar na rua com o comando da televisão? Quanto mais não seja serviria para mudar o programa que aquele teu amigo insiste me ver. É essa capacidade de mudança o que mais aproxima esses dois objectos! Mas são sempre mudanças incontroláveis, desejos e ocorrências que não te pertencem, mas sim ao interlocutor do outro lado da linha ou ao director de programação.
Encontro-me agora a olhar para a televisão... Está apagada! Não encontro coragem para a ligar, não quero voltar a ser invadido, não quero voltar a ser sugerido a uma idéia, aum conceito que não me pertence, a um desejo que não é meu. Quero ser livre da opressão das intenções dos outros!
Mas se assim é, porque é que te telefono?
A televisão também já está ligada...